quarta-feira, 27 de junho de 2012

REFLEXÃO FINAL



A elaboração deste e-portefólio teve como principal finalidade dar a conhecer as temáticas abordadas ao longo da Unidade Curricular de Sistemas Educativos: organização e avaliação.
Os textos nele constantes foram elaborados com base em leituras e pesquisas individuais e orientadas pelo docente da unidade curricular, assim como foram resultantes do debate levado a cabo no contexto das salas virtuais. Neste âmbito, a discussão que decorreu nos fóruns e que incidiu sobre os diferentes temas, revestiu-se de grande pertinência, pois contribuiu para o aprofundamento de cada uma das temáticas.
Neste contexto, considero que o trabalho desenvolvido e dinamizado em cada uma das salas virtuais (e a propósito de cada tema estudado) foi muito enriquecedor, permitiu a troca e partilha de opiniões, assim como o confronto de opiniões.
De salientar a qualidade dos documentos orientadores disponibilizados para análise e discussão que deram um forte contributo para sustentar e/ou complementar as temáticas em estudo.
Destaque-se, ainda, o acompanhamento e o feedback por parte do docente da unidade curricular, em todas as atividades levadas a cabo, facto que contribuiu para o contínuo aprofundamento de conhecimentos e potenciando uma atitude reflexiva sobre o desempenho individual.
Apesar dos pontos fortes já apontados, e no que respeita à “construção” deste instrumento faço referência  a alguns pontos fracos: problemas técnicos (justificar textos, uniformizar o tipo de letra, introduzir cores nos títulos, etc), que atribuo ao facto de não dominar por completo este recurso. Contudo, a experiência foi positiva e muito enriquecedora.
Procurei atualizar a informação de acordo com as temáticas estudadas, reconhecendo que gostaria de o ter feito de forma mais aprofundada e sistemática.
Considero que é um instrumento de trabalho muito aliciante e que nos permite o enriquecimento/alteração/reformulação/melhoria constantes. Alio a estes fatores,  a presença constante do aspeto reflexivo sobre a ação desenvolvida.
Concluo esta reflexão fazendo referência ao facto que a unidade curricular contribuiu para fazer uma atualização de conhecimentos, complementando-os e permitiu, igualmente, efetuar uma recolha de informação rica e válida para uma aplicação contextualizada, no que concerne aos domínios profissional e pessoal

segunda-feira, 25 de junho de 2012

AS LINHAS MESTRAS DA AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS


Nas últimas décadas as sociedades têm sofrido grandes transformações, fruto da globalização e essas mudanças têm, inevitavelmente, atingido a escola.
Autores como Clímaco (2005:148) destacam que “para a sobrevivência das novas sociedades, tornou-se indispensável rever os modelos de educação das novas gerações, nomeadamente no que se refere ao tipo de competências, destrezas e conhecimentos a promover através dos currículos escolares, de modo a prepará-las quer para novos tipos de aprendizagem, quer para a sua integração no mundo do trabalho, ou para se ajustarem à própria instabilidade do mercado de trabalho”.

De acordo com Clímaco (2005:216), avaliar uma escola “significa saber em que medida os alunos, e as suas necessidades de aprendizagem vêm em primeiro lugar nas prioridades da escola e dos seus agentes, e em que medida a escola é um centro de aprendizagem e de desenvolvimento pessoal e profissional, para crianças, jovens e adultos”.
 A resolução das questões e problemas relacionados com a educação devem ser resolvidos de forma articulada e global, dadas as suas implicações noutros domínios da vida social.
Deste modo, em 2001 o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu elaboraram uma recomendação  sobre a Cooperação Europeia para a Avaliação da Qualidade da Educação Escolar, salientando a necessidade de se :

- “incentivar a auto-avaliação dos estabelecimentos de ensino como método para promover a aprendizagem e melhorar as escolas (…) tornando os seus objetivos claros (…) coerentes com outras formas de regulação;
- apoiar a formação na gestão e utilização de instrumentos de auto-avaliação, de modo a fazer com que a auto-avaliação funcione efetivamente como um instrumento de reforço da capacidade de melhoria das escolas;
- apoiar a capacidade das escolas aprenderem reciprocamente, a nível nacional e europeu, identificando e divulgando boas práticas e instrumentos, como indicadores e critérios de aferição;
- desenvolver a avaliação externa em ordem a dar apoio metodológico à auto-avaliação das escolas e a dar-lhes uma visão exterior que encoraje a sua melhoria como um processo contínuo …”.

Consideramos que estas recomendações não são suficientes para alterar a escola, contudo destacamos Horowitz (1990), citado por Clímaco (2005:24) que refere:

“Mas a mudança fundamental da escola depende de uma mudança de atitude face à questão da qualidade educativa em si mesma, o que pode significar uma alteração na cultura de gestão da escola e da forma estratégica e multi-facetada com que procuram a qualidade”.

Referências Bibliográficas:

Clímaco, Maria do Carmo (2005). Avaliação de Sistemas em Educação. Lisboa. Universidade Aberta.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A REGULAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS

Para analisarmos a organização de instituições escolares necessitamos delimitar alguns significados e conhecer as realidades em estudo. Por essa razão, refletir sobre as instituições educativas enquanto organizações e sobretudo enquanto organizações com especificidades, significa considerar uma realidade complexa e multifacetada.
Barroso (2005:63) refere que o “termo regulação está associado, em Portugal, ao objetivo de consagrar, simbolicamente, um outro estatuto à intervenção do Estado na condução das políticas públicas”.

Para além de algumas aceções mais correntes, a explicação do significado do termo regulação conheceu especial incremento com o desenvolvimento da teoria dos sistemas. Contudo, e apesar do enorme potencial explicativo e descritivo que a abordagem sistémica trouxe à compreensão dos sistemas sociais, não podemos transpor de forma automática as suas leis sobre sistemas para os sistemas sociais.

A regulação dos sistemas educativos surge-nos como um modo de ajustamento permanente, que permite assegurar o seu equilíbrio dinâmico e coerência, mas também a transformação desses mesmos sistemas, através de uma articulação entre a regulação de controlo e os processos de interpretação e produção de normas no seio das organizações escolares.

Os processos de regulação compreendem, por um lado, a produção de regras que norteiam o funcionamento do sistema e, por outro, o reajustamento da diversidade de ações envolvidas em torno dessas regras. Deste modo, torna-se necessário dar uma resposta à pluralidade de fontes, de finalidades e modos de regulação, tendo em conta a heterogeneidade dos atores envolvidos e das suas posições. Os indivíduos e as estruturas, quer formais, quer informais, desempenham um papel fundamental de mediação, tradução e passagem de vários fluxos reguladores que constituem o sistema de regulação, uma vez que é aí que se faz a síntese ou se superam os conflitos entre as várias regulações existentes. É devido à complexidade dos processos de regulação do funcionamento do sistema educativo que, de acordo com Barroso (2006), se torna difícil prever e orientar, com um mínimo de segurança e de certeza, a direção que estes seguirão.

Barroso (2005:73),propõe um esquema onde salienta que a evolução da administração da educação (dos seus modos de regulação), que pode ser interpretada através “da alteração de papéis e de relações entre o Estado (e a sua administração), os professores e os pais dos alunos”.
O autor considera, ainda, que no que concerne aos modos de regulação, a situação mais frequente traduz-se em “alianças bipolares”. Assim:

- Estado + professores - pais dos alunos = regulação burocrático-profissional
- Estado + pais dos alunos – professores = regulação pelo mercado
- Professores + pais dos alunos  - Estado = regulação comunitária

No decorrer deste percurso que é feito pelas Escolas/Agrupamentos e pelos seus intervenientes, é necessário construir, desenvolver, regular. Para tal, é necessário que se adote uma abordagem realista que considere o seu ponto de partida. Só desta maneira podemos fazer reajustamentos, mudanças ou reformulações.

A regulação é considerada como um processo que é revestido de multiplicidade, pluralidade que é permanentemente alimentado por iniciativas, conflitos e negociações entre os diversos intervenientes, que estão situados em diferentes níveis. A regulação traduz-se sempre numa multirregulação, como dizem João Barroso (2005) e Christian Maroy (2006), multirregulação complexa, conflituosa e muitas vezes contraditória nos seus termos.

Referências Bibliográficas:

Almeida, Ana Patrícia (2005). Os fluxos escolares dos alunos como analisador dos modos de regulação local do Sistema Educativo. Lisboa: FPCE (Dissertação de Mestrado). (Recursos da U.C.).

Barroso, João (2005). Políticas Educativas e Organização Escolar. Lisboa. Universidade Aberta.

Ramos, Conceição (s/d). Regulação dos Sistemas Educativos. O caso português. (Recursos da U.C.).

sábado, 19 de maio de 2012

OS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PARA A EUROPA DO CONHECIMENTO


No “Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão Escolas para o século XXI” (Comissão das Comunidades Europeias, 2007), lê-se que “a instituição escolar não pode permanecer estática se quiser servir de fundação para uma aprendizagem ao longo da vida e se pretender contribuir plenamente para a prosperidade social e económica dos Estados-Membros”.

Neste contexto, podemos dizer que a investigação pedagógica tem vindo a evoluir no que toca ao conceito de aprendizagem, mas o percurso tem sido lento, especialmente no que concerne aos métodos de ensino e de organização escolar. A educação ao longo de toda a vida deixou de ser um ideal inatingível e existe um conjunto de alterações que a tornam cada vez mais necessária.

Os sistemas educativos e de formação necessitam de encetar mudanças perante os desafios da sociedade do conhecimento e da globalização. Decorrente desta necessidade, desde que se realizou o Conselho Europeu de Lisboa, que diversos eventos e iniciativas “demonstram que o desenvolvimento dos sistemas de educação e de formação, no contexto de uma aprendizagem ao longo da vida e numa perspetiva mundial, tem sido crescentemente reconhecido como fator crucial para o futuro da Europa, na era do conhecimento”. De salientar que, neste âmbito, as tecnologias da informação e da comunicação desempenham um papel de relevo, com grande potencial para apoiar a aprendizagem autónoma, assim como a construção de conhecimentos e consequente desenvolvimento de competências.

Referimo-nos, pois, a uma sociedade educativa baseada na aquisição, actualização e utilização dos conhecimentos. Com efeito, a sociedade exige hoje dos cidadãos uma actualização contínua ao nível dos conhecimentos. O conceito de educação ao longo da vida está cada vez mais presente, sendo que o saber ao longo da vida, permite a construção da pessoa enquanto ser humano, aumentando e actualizando as suas competências.

Neste domínio, a escola desempenha um papel crucial na formação de cidadãos, que estejam integrados na sociedade da informação. É importante que os alunos passem por um período de escolarização pré-estabelecido, como acontece actualmente, mas para além deste é importante que o conceito de educação se desenvolva e que dê lugar a um processo de aprendizagem ao longo da vida, que não se limite à aquisição de determinadas competências num período de tempo pré-estabelecido segundo planos curriculares uniformes.

É incontornável que a aprendizagem ao longo da vida se tornou uma necessidade para qualquer indivíduo, pelo que existe uma necessidade premente de desenvolvimento de competências, quer em termos profissionais, quer pessoais (refletindo-se na necessidade de participação consciente e ativa na sociedade).

Referências bibliográficas:

Comissão das Comunidades Europeias (2007).Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão Escolas para o Século XXI. Bruxelas.

DELORS, Jacques (coord), 2003, Educação um Tesouro a Descobrir – Relatório para   a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, (8.ª ed.), Porto: Edições Asa.

Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002). Programa de Trabalho pormenorizado sobre o seguimento dos objetivos dos sistemas de educação e de formação na Europa.



sexta-feira, 27 de abril de 2012

MODELOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS NOS SISTEMAS EDUCATIVOS EUROPEUS





A educação tem sido encarada como um meio de formar as novas gerações dentro dos mesmos princípios e valores que os mais velhos adquiriram. Todas as sociedades possuem mecanismos educativos que influenciam o comportamento das crianças e futuros adultos, pois as aprendizagens da criança são feitas com base no convívio social. Porém, quando os principais pilares onde assentam os valores de uma sociedade se encontram em crise, ou seja, quando nos encontramos num momento histórico de grandes transformações, a educação será inevitavelmente afetada.

As gerações mais novas que se confrontam com esses momentos de crise deparam-se com comportamentos diferenciados por parte dos adultos. Alguns destes encaram a reestruturação dos valores e comportamentos como algo que se deve superar, reforçando os antigos princípios e valores, outros veem-na como uma oportunidade para corrigir erros e procurar novas soluções, considerando o momento de crise, como um momento de consciencialização e busca de novas soluções. Perante esta última atitude, a educação torna-se um meio de estimular a capacidade criadora dos agentes educativos, salientando atitudes de responsabilidade pela própria transformação, alterando comportamentos que permitem a cada indivíduo tornar-se mais responsável, passando a viver uma cidadania mais consciente e não apenas fruto de uma formalidade.

Na obra Teorias Contemporâneas da Educação, Yves Bertrand, propõe uma classificação em sete categorias das teorias atuais da educação. Contudo, este número não é estanque, permanecendo em aberto o alargamento a eventuais novas categorias que se tornem pertinentes. Nesta obra, é dado especial relevo às relações estabelecidas, em torno de quatro pilares fundamentais: o sujeito, a sociedade, os conteúdos a ensinar e, por último, as interações entre os três pólos. No pólo sujeito o autor “classifica as teorias que tentam descrever a prioridade dos determinantes socioculturais da educação concebida fundamentalmente como uma questão de estruturas sociais e culturais com um papel importante na transformação da sociedade e da cultura”; no pólo dos conteúdos, “associa as teorias académicas para as quais os conhecimentos a ensinar possuem uma estrutura objetiva e independente do aluno e da sociedade”.

De acordo com a opinião de autores como Edgar Morin e Grand’ Maison, a educação deverá proporcionar aos alunos ferramentas afetivas, inteletuais, psicomotoras, imaginativas, entre outras, para que com estas consigam intervir e transformar a realidade diária com que se deparam. Assim, segundo esta corrente a “educação deve ser repensada, não mais a partir de uma grelha industrial, mas a partir de uma visão mais global da evolução do planeta” (Bertrand 1991:122).
Vivemos neste início do século XXI graves problemas ecológicos, que nos mostram a necessidade urgente de adotarmos um pensamento ecológico a uma escala global. A natureza a cada dia que passa, vê os seus limites postos à prova. De acordo com Bertrand (1991:122), “a solução para estes problemas não passa unicamente por uma grande preocupação com o ambiente (Guattari, 1989), pela melhoria da eficácia da escola, pela supressão das classes sociais ou pelas tecnologias de comunicação pedagógica mais eficazes. Reside na invenção de uma nova visão do mundo e as instituições escolares deverão contribuir para que a mesma se realize”.

As teorias ecossociais da Educação abordam a preocupação face aos problemas gerados pelas estruturas sociais, económicas, políticas e culturais. Deste modo, e de acordo com este grupo de teorias sociais, as mudanças a operar no sistema educativo terão que obedecer a uma visão alargada de três aspetos: o indivíduo, a sociedade e o universo.
Neste âmbito, Grand’Maison, que propõe uma Teoria da Educação apoiada no que é concreto e nas vivências, sublinhando a necessidade de dar maior ênfase aos aspetos humanos e socais, em detrimento das abordagens personalista, utilitarista, ideológica, administrativa, política ou mesmo pedagógica. A estratégia pedagógica em que esta teoria assenta, compreende as seguintes categorias, Bertrand (1991:139):

* O saber fazer – suprimir a dicotomia entre o trabalho manual e o trabalho intelectual.
* O saber pensar – aprender a pensar por si mesmo.
* O saber viver – educar para a liberdade, sendo que o mapa democrático exige aprendizagens fundamentadas e uma educação que exige muita liberdade responsável.
* O saber partilhar – a função da escola é ensinar os alunos a ultrapassar os interesses individuais para aceder aos da comunidade.
* O saber dizer – propondo uma cultura apoiada na vivência, na reflexão, no amor e na luta.

Nesta categoria merece-nos especial destaque a teoria de De Rosnay, que apresenta uma teoria global, sistémica e ecológica da educação. O autor propõe nas suas obras Macroscope (1975) e Les Chemins de la vie (1983) uma teoria assente numa visão do mundo e numa nova abordagem simbolizada por um macroscópio, que será o instrumento que permitirá lançar um novo olhar sobre a natureza, a sociedade e o homem. Este instrumento simbolizará, para além disso, a abordagem sistémica, “que caracteriza a sua visão global dos problemas e dos sistemas, bem como a sua concentração nas interações entre os elementos” (Bertrand 1991:142).

 À perspetiva da educação, currículo do futuro, surge ligado o nome de Alvin Toffler. Nas suas obras faz uma reflexão apoiada na relação entre a educação, a cultura do futuro e a sociedade industrial atual.
 “O futuro é tratado como uma possibilidade de mudança na medida em que as atuais instituições sociais não estão adaptadas às necessidades da nossa época”. Alvin Toffler, defende que no ensino e apesar de toda a retórica sobre o futuro, as escolas têm dificuldade em “avançar”. Assim, e de modo a evitar o choque do futuro, é necessário criar um sistema educativo, que procure os objetivos e os métodos no futuro e não no passado. Em termos pedagógicos, isto significa apostar numa aprendizagem que se baseia na vida quotidiana da comunidade.
Como vimos anteriormente a linguagem sistémica encontra-se intimamente relacionada com a Escola enquanto parte do sistema educativo. Um sistema funciona em função de determinados objetivos, que o levam a auto-organizar-se e a adaptar-se para se desenvolver. Na Escola as mudanças processam-se com grande rapidez e este facto faz com que seja necessário refletir sobre o papel desta instituição, uma vez que se trata de um sistema aberto.


Bibliografia:

Bertrand, Yves e Guillemet, P. (1994). Organizações: Uma Abordagem Sistémica, Colecção Sociedade e Organizações, Lisboa: Instituto Piaget.

Bertrand, Yves e Valois, Paul (1994). Paradigmas Educacionais: Escola e   Sociedade , Colecção Horizontes Pedagógicos, Lisboa: Instituto Piaget.


Canário, Rui (2006). A Escola e a Abordagem Comparada. Novas realidades e novos olhares. Sísifo. Revista de Ciências da Educação (pp27-36).

Delors, Jacques (coord) (2003). Educação um Tesouro a Descobrir – Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, (8.ª ed.), Porto: Edições Asa.

Gaspar, M. I. (2005). Sistemas Educativos: princípios orientadores. Departamento de Ciências da Educação, Universidade Aberta. Recuperado em 12 de abril 2012, de: http://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/369/1/Des(a)fiando%20Discursos355-362.pdf.pdf

Pires, Eurico Lemos, et al. (1991). A Construção Social da Educação Escolar, Coleção Básica de Educação e Ensino, Porto: Edições Asa.

Toffler, Alvin (1970). O Choque do Futuro, Lisboa: Livros do Brasil.

Trindade, Rui (2002). Experiências Educativas e Situações de Aprendizagem- Novas práticas pedagógicas, Porto: Edições Asa.

sábado, 31 de março de 2012

ASPETOS CONTEXTUAIS DOS SISTEMAS EDUCATIVOS


Ao debruçarmo-nos sobre a literatura, podemos concluir quão numerosos são os autores que têm sublinhado a pertinência da existência de investigações sobre as relações entre Escola e Sociedade. “As relações entre a escola e a sociedade são consideradas como interacções dialécticas onde, quer a escola, quer a sociedade, são simultaneamente determinantes e determinadas” (Pires et al 1991:190).
Desta forma, as políticas educativas não podem ignorar estes desafios e o Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, chama a atenção para o facto de tais políticas poderem contribuir de forma direta para um “ mundo melhor, para um desenvolvimento humano sustentável, para a compreensão mútua entre os povos...”.

No referido relatório, é de resto, assumida a importância da educação como fator que ajuda a resolver “ becos sem saída”. Este documento estabelece um quadro de referência para o futuro da educação assente em quatro pilares fundamentais, a saber: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver juntos.
Educar, segundo definições propostas em dicionários ou enciclopédias significa influenciar sistematicamente alguém, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo. Existem ainda definições, que apontam o ato de educar como tendo a finalidade de tornar o indivíduo apto a enfrentar um meio social determinado e a integrar-se nele com personalidade formada. Através desta, a sociedade transmite uma série de experiências acumuladas, geralmente selecionadas e adaptadas às diferentes classes etárias como por exemplo as relacionadas com a autonomia, a comunicação, entre outras.

No já referido relatório, educar para o desenvolvimento humano é “ um dos principais papéis reservados à Educação e que consiste, antes de mais, em dotar a humanidade da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento”. Refere-se ainda que a Educação pode ser considerada um aspeto importante para o planeta, no que respeita à “ construção de ideais de paz, liberdade ou justiça social”.
Também Frederico Mayor, no seu prefácio da obra de Edgar Morin (1999:11) se refere à importância de trabalhar para construir um “ futuro viável”. “ A democracia, a equidade, a justiça social, a paz e a harmonia com o nosso meio ambiente natural devem ser palavras-chave deste mundo em transformação. Sublinha ainda que, a influência da educação nestas modificações essenciais para o nosso estilo de vida e para o nosso comportamento. Das suas palavras podemos concluir que, a educação se pode considerar uma “ força do futuro”, porque constitui um dos instrumentos mais poderosos para realizar modificações.O objetivo fundamental da educação passa por “civilizar e solidarizar a Terra, transformar a espécie humana em verdadeira humanidade torna-se o objetivo global de toda a educação, aspirando não só a um progresso, mas igualmente à sobrevivência da humanidade” Edgar Morin (1999:68).

Neste sentido, a escola apresenta-se como um local possível e privilegiado, que temos ao nosso alcance, enquanto profissionais, e que deve ser explorado nas suas potencialidades, sobretudo ao nível humano. Mas que não é nem pode ser único. A comissão internacional que elaborou o já mencionado Relatório sobre a Educação para o século XXI faz referência à “sociedade educativa baseada na aquisição, atualização e utilização dos conhecimentos”. Com efeito, a sociedade exige hoje dos cidadãos uma atualização contínua ao nível dos conhecimentos. O conceito de educação ao longo da vida está cada vez mais presente, sendo que o saber ao longo da vida, permite a construção da pessoa enquanto ser humano, aumentando e atualizando as suas competências.


Neste campo, a escola desempenha um papel crucial na formação de cidadãos, que estejam integrados na sociedade da informação. É importante que os alunos passem por um período de escolarização pré-estabelecido, como acontece atualmente, mas para além deste é importante que o conceito de educação se desenvolva e que dê lugar a um processo de aprendizagem ao longo da vida, que não se limite à aquisição de determinadas competências num período de tempo pré-estabelecido segundo planos curriculares uniformes.

Conceito ou  noção de sistema

Em termos históricos, a abordagem sistémica surgiu no início do século XX, como uma necessidade de estudar os fenómenos de uma forma integrada e na sua globalidade, não valorizando apenas as partes constituintes de um todo. Na atualidade são feitas inúmeras referências à necessidade de uma visão sistémica. Podemos dizer que a investigação sobre sistemas se traduziu numa tentativa de criar uma alternativa ao pensamento analítico, que subsistiu durante cerca de três séculos no mundo ocidental. Com tal evolução surgiram novos conceitos como sinergia, paradigma e outros. A Von Bertanlanffy se deve a criação da denominada teoria geral dos sistemas. Este biólogo austríaco deu a conhecer as suas primeiras investigações nos anos 20, que incidiam precisamente numa visão global da vida. Posteriormente, escreveu Modern Theories of Development e na década de 50 fundou a Society for General Systems Research

Este último trabalho foi decisivo no desenvolvimento do pensamento sistémico, tendo promovido a aplicação deste sistema a outras áreas do conhecimento. Pareceu-nos importante referir nesta breve síntese histórica que  a Society for General Systems Research,  no trabalho que desenvolveu, apontou ainda algumas vantagens à abordagem sistémica, sendo disso exemplo a utilização de métodos rigorosos, a importância de uma visão holística e ecológica do Mundo, assim como a interdisciplinaridade. A palavra sistema começou a fazer parte da linguagem corrente nos últimos quarenta anos, enquanto define sistema como sendo “ um complexo de elementos interactuantes” Bertanlanffy (citado por E. Morin (1991:29). 

Nesta definição estão subjacentes a noção de complexidade entre elementos simples (que possuem complexidade), mas também a noção de interacção entre os elementos constituintes dos sistemas.
O “campo da teoria dos sistemas é muito mais vasto, quase universal, pois que num sentido, qualquer realidade conhecida, desde o átomo à galáxia, ao passar pela molécula, a célula, o organismo e a sociedade pode ser concebida como sistema, quer dizer associação combinatória de elementos diferentes”, Edgar Morin (1991:24). Para este autor existem três grandes vantagens na abordagem sistémica, nomeadamente:

1.      no centro da teoria, com a noção de sistema, ter-se colocado uma unidade complexa,  um todo que não de reduz à soma das partes constituintes;
2.      a concepção da noção de sistema como uma noção ambígua;
3.     colocar-se a um nível transdisciplinar, que permite conceber a unidade da ciência e paralelamente a diferenciação das ciências.

Existem ainda outros autores que sublinham as vantagens desta abordagem aplicadas a vários ramos do conhecimento científico, sendo que na área das ciências humanas, estas se tornam mais visíveis. De Rosnay defende que abordagem sistémica e abordagem analítica até se podem complementar, não tendo que ser necessariamente opostas. Considera a abordagem sistémica como uma análise macroscópica, que salienta as “ ações empreendidas pelos atores de um sistema” citado por Bertrand e Valois (1994:13).

De acordo com este autor, o macroscópio serve para analisar o “infinitamente complexo”, ou seja, os sistemas que queremos estudar. A metodologia sistémica assenta em três princípios fundamentais:“elevar-se para ver melhor, relacionar para melhor compreender e situar para agir melhor” (De Rosnay 1995).  

Deste modo pesquisamos sobre a linha de pensamento dos autores que defendem a importância da abordagem sistémica, que na nossa opinião é a mais coerente quando se trata de analisar a “ natureza dos laços que unem as diferentes esferas da sociedade às organizações cuja finalidade é educar os membros da sociedade”(Bertrand e Valois 1994). Com efeito, e seguindo a linha de pensamento dos autores “ a organização educativa é determinada pelas orientações da sociedade em que se insere, assim como as suas normas, leis e regras” (Bertrand e Valois 1994:13). Estes autores lembram ainda que as relações que se estabelecem entre a escola e a sociedade podem ter um sentido duplo, podendo “ intervir nas suas próprias orientações, fixadas pela sociedade, quer aceitando-as, adaptando-as ou contestando-as” (Bertrand e Valois 1994:14).

De acordo com Giddens (1984) e Schein (1985), Argyris, Putan e Smith ( 1987), Morgan (1989) e Bertrand (1991), citados na obra de  Bertrand e Valois (1994:18)  “ as organizações são, pois, feitas de atores, que agem em interação uns com os outros e que proporcionam feedbacks contínuos sobre o que é necessário dizer e fazer”. As organizações educativas são estruturadas e temporais. De facto, os sistemas educativos são estruturas muito complexas, mas no que concerne à organização estruturada dos mesmos. Veja-se a este propósito o organigrama do sistema educativo, elaborado pelo Ministério da Educação, onde se definem as diferentes estruturas que foram criadas para o funcionamento do sistema.

Bibliografia:

Bertrand, Yves e Valois, Paul.(1994). Paradigmas Educacionais: Escola e Sociedade, Colecção Horizontes Pedagógicos, Lisboa: Instituto Piaget.

Bertrand, Yves e Guillemet, P.(1994). Organizações: Uma Abordagem  Sistémica, Colecção Sociedade e Organizações, Lisboa: Instituto Piaget.

Delors, Jacques (coord) (2003). Educação um Tesouro a Descobrir – Relatório para    a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, (8.ª ed.), Porto: Edições Asa.

Morin, Edgar (1999). Os Sete Saberes para a Educação do Futuro, Colecção  Horizontes Pedagógicos, Lisboa: Instituto Piaget.

Morin, Edgar (1991). Introdução ao Pensamento Complexo, Colecção Epistemologia e Sociedade, Lisboa: Instituto Piaget.

Pires, Eurico Lemos, et al. (1991). A Construção Social da Educação Escolar, Colecção Básica de Educação e Ensino, Porto: Edições Asa.

Rosnay, Joel De (1977). O Macroscópio, para uma visão global, Lisboa: Arcadia.

TEMAS A DESENVOLVER:


TEMA I: MUTAÇÕES SOCIAIS E SISTEMAS EDUCATIVOS
1.Aspetos contextuais dos Sistemas Educativos
2.Noção ou conceito de sistema

TEMA II: MODELOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS NOS SISTEMAS EDUCATIVOS EUROPEUS
1. Opções educativas versus opções de sociedade
2. Princípios orientadores e modelos organizativos
3. Os Sistemas Educativos na Europa

TEMA III: OS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PARA A EUROPA DO CONHECIMENTO
1. Traços gerais e estratégias de modernização dos Sistemas Educativos
2. O quadro estratégico europeu de referência para as competências básicas e as dinâmicas de inovação e mudança na Educação

TEMA IV: A REGULAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS
1. O conceito de regulação
2. Quadros teóricos interpretativos da governação dos Sistemas Educativos

TEMA V: AS LINHAS-MESTRAS DA AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS
1. Conceitos e modalidades de avaliação
2. Políticas e quadros de referência para a avaliação dos Sistemas Educativos