Para
analisarmos a organização de instituições escolares necessitamos delimitar
alguns significados e conhecer as realidades em estudo. Por essa razão,
refletir sobre as instituições educativas enquanto organizações e sobretudo
enquanto organizações com especificidades, significa considerar uma realidade
complexa e multifacetada.
Barroso
(2005:63) refere que o “termo regulação
está associado, em Portugal, ao objetivo de consagrar, simbolicamente, um outro
estatuto à intervenção do Estado na condução das políticas públicas”.
Para
além de algumas aceções mais correntes, a explicação do significado do termo regulação conheceu especial incremento
com o desenvolvimento da teoria dos sistemas. Contudo, e apesar do enorme
potencial explicativo e descritivo que a abordagem sistémica trouxe à
compreensão dos sistemas sociais, não podemos transpor de forma automática as
suas leis sobre sistemas para os sistemas sociais.
A
regulação dos sistemas educativos surge-nos como um modo de ajustamento
permanente, que permite assegurar o seu equilíbrio dinâmico e coerência, mas
também a transformação desses mesmos sistemas, através de uma articulação entre
a regulação de controlo e os processos de interpretação e produção de normas no
seio das organizações escolares.
Os
processos de regulação compreendem, por um lado, a produção de regras que
norteiam o funcionamento do sistema e, por outro, o reajustamento da
diversidade de ações envolvidas em torno dessas regras. Deste modo, torna-se
necessário dar uma resposta à pluralidade de fontes, de finalidades e modos de
regulação, tendo em conta a heterogeneidade dos atores envolvidos e das suas
posições. Os indivíduos e as estruturas, quer formais, quer informais,
desempenham um papel fundamental de mediação, tradução e passagem de vários
fluxos reguladores que constituem o sistema de regulação, uma vez que é aí que
se faz a síntese ou se superam os conflitos entre as várias regulações
existentes. É devido à complexidade dos processos de regulação do funcionamento
do sistema educativo que, de acordo com Barroso (2006), se torna difícil prever
e orientar, com um mínimo de segurança e de certeza, a direção que estes
seguirão.
Barroso
(2005:73),propõe um esquema onde salienta que a evolução da administração da
educação (dos seus modos de regulação), que pode ser interpretada através “da
alteração de papéis e de relações entre o Estado (e a sua administração), os
professores e os pais dos alunos”.
O
autor considera, ainda, que no que concerne aos modos de regulação, a situação
mais frequente traduz-se em “alianças bipolares”. Assim:
-
Estado + professores - pais dos alunos = regulação burocrático-profissional
-
Estado + pais dos alunos – professores = regulação pelo mercado
-
Professores + pais dos alunos - Estado =
regulação comunitária
No
decorrer deste percurso que é feito pelas Escolas/Agrupamentos e pelos seus
intervenientes, é necessário construir, desenvolver, regular. Para tal, é
necessário que se adote uma abordagem realista que considere o seu ponto de
partida. Só desta maneira podemos fazer reajustamentos, mudanças ou
reformulações.
A
regulação é considerada como um processo que é revestido de multiplicidade,
pluralidade que é permanentemente alimentado por iniciativas, conflitos e
negociações entre os diversos intervenientes, que estão situados em diferentes
níveis. A regulação traduz-se sempre numa multirregulação, como dizem João
Barroso (2005) e Christian Maroy (2006), multirregulação complexa, conflituosa
e muitas vezes contraditória nos seus termos.
Referências Bibliográficas:
Almeida, Ana Patrícia (2005).
Os fluxos escolares dos alunos como analisador dos modos de regulação local do
Sistema Educativo. Lisboa: FPCE (Dissertação de Mestrado). (Recursos da U.C.).
Barroso, João (2005).
Políticas Educativas e Organização Escolar. Lisboa. Universidade Aberta.
Ramos, Conceição (s/d).
Regulação dos Sistemas Educativos. O caso português. (Recursos da U.C.).
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